terça-feira, 17 de abril de 2012

Ensina-me a ver o meu lado bom!

De algum modo entre Cecília e Drummond esqueci, ou quem sabe impus quando Vinicius disse: “ Beleza é essencial.”
Porém, que tipo de beleza é essa que muda do dia para a noite, que elege suas musas por dinheiro?
Que consome só pelo signo?
Talvez, eu não devesse culpar a ninguém.
Vinicius tinha a sua garota de Ipanema que saiu até no New York Times e sua admiração por saboneteiras femininas. 
Contou-me um lindo passarinho, que eu irradio luz, que eu sou capaz de conseguir tudo o que eu quiser.
Queria eu enxergar como esse nobre passarinho, pois o espelho anda de complô com o Vinicius e vive me cobrando que a beleza é essencial.
Virei escrava de quem eu sempre repudiei.
Contaminei-me pela cegueira do dia a dia e do passado, cansei de lutar pelo o que eu sou.
Tornei-me vazia, consumida pelas areias do tempo.
Aceitei passivamente tudo o que me foi oferecido ou imposto? Ou os dois?
Fui me maltratando sem perceber e agora quero voltar, parar fazer tudo de um jeito diferente. E olha, eu nem peço para voltar ao passado e reconstruir um novo futuro.
Não sinto arrependimento dos dias em que me senti Deusa, aliás, arrependimento vem dos dias que o lado humano me envolveu.
Foram nesses dias que eu fiquei mais vulnerável, foram nesses dias que eu parei de me sentir forte e comecei enfim a sentir.
Se isso é bom ou ruim eu não sei. Só quero agora explorar esse meu lado humano, aprender a viver com ele, não suprimi-lo e aceita-lo também como parte de mim.
Entre Cecilia e Drummond eu passei minhas tardes mais jovens, deitada e lendo poesia e me sentindo vulnerável sem sofrer em nada.
Mas quem passa pela vida em plena nuvem, não vive só ensaia para a morte.
Vou lutar por mim, encontrar uma forma de enxergar e tocar esse meu lado bom.
Eu o abandonei em algum lugar nesse labirinto que é crescer, por proteção, por medo e agora sinto coragem para dar o outro lado do coração.
Feridas todo mundo carrega. Forte não é quem as esconde e sim quem aprende a viver bem e feliz com elas.

sábado, 7 de abril de 2012

Se existe a indústria da cultura, existe também a indústria do amor

No silêncio da noite a solidão grita “Você fracassou”!
Isolada dentro do mundo que eu criei, vivo dentro de uma caixa com vista panorâmica que para alguns parece só um meio de diversão.
Muitas vezes eu me jogo contra a parede, comunicação social? Logo você? Tão exatamente inumana?
Talvez por ainda não ter achado alguém compatível e capaz de me decifrar eu precisasse estudar a arte de devorar.
Perde não é meu forte, mas com o passar dos anos você acaba se acostumando. Perde um ônibus ali, um olhar aqui, um pedaço do coração acolá.
É aceitável olhar o passado e tentar achar onde foi que errou, mas é inacreditável se perder nele e não conseguir achar onde foi.
O teste na revista feminina diz que eu sou dura na queda, mas o travesseiro já cansado e ensopado de lágrimas me diz o contrário. Ou talvez ele concorde, mas eu sou orgulhosa demais para ouvir.
Se existe a indústria da cultura, existe também a indústria do amor. Esse amor vendido de cena de cinema que todo mundo quer ter, mas não sabe onde comprar fragiliza os corações partidos.
A TPM já não serve de desculpa, os comentários são sempre avassaladores “ Você nunca mais vai namorar?”, mas a minha dúvida é muito pior “ Eu nunca vou parar de procurar motivos para não amar/gostar/apaixonar-me por alguém?”
Uma hora aqui, um comentário ali... Às vezes isso é até motivo de piada e a risada é só para acariciar o coração que não sabe como disfarçar ou solucionar isso de uma forma melhor.
Se fingir de forte é muito fácil, difícil mesmo é ver um casal de mãos dadas e olhar para as suas e saber que não há ninguém para preencher aqueles espaços.
No dia – a – dia é simples esquecer-se dessas aflições do coração o cotidiano é recheado de ocupações que me mantem longe do que eu sou, mas quando eu chego à porta do meu quarto já posso enxergar a solidão e a tristeza deitadas na minha cama me chamando para acompanha-las.
Eu nunca disse que queria que fosse assim, eu só queria um tempo para organizar a minha vida e os meus pensamentos e depois outro alguém poderia chegar de mala e cuia para se alojar na minha vida.
Mas parece que minha morada não é lá muito interessante, ninguém sequer ao menos bate a minha porta. Eu não sei o que pode haver de errado lá fora, e então eu vou me culpando e esquecendo-me de manter tudo arrumado e no lugar quando o novo hospede chegar e assim eu sinto que vou mantendo ele sempre distante.