Ontem a vida me desafiou e fez meu lado jovem sentar atrás
de mim no coletivo.
E esse meu lado comentou “_ Ontem eu dormi meio Cazuza, mas
hoje eu já acordei Nirvana”.
Que inveja! Nos dias de hoje já nem sei quando estou
dormindo ou acordada.
Quase virei e a fiz implorar que jamais deixaria esse lado
puro de sempre achar uma música para cantar de sempre falar o que pensa morrer,
quase lhe contei que deixar isso morrer a lançaria em um mundo no qual
questionamentos existenciais sufocam.
Mas, não quis parecer louca! Nunca quero parecer nada além
de forte.
A música ecoa “ Você já viu uma mulher derramando lagrimas
negras na face? “ , o meu retrato no espelho reflete a mulher com lagrimas
negras na face. Ouvi certo dia que tudo bem chorar, não é fraqueza. Tem gente
que é forte por muito tempo e chega uma hora em que não dá para suportar as
dores do mundo e chora. É injusto demais dizer que ela é fraca só por isso.
Perco-me em olhares, procuro-me em qualquer direção. Talvez
eu encontre algo que me puxe como um imã e o seu magnetismo... Qualquer olhar
ou migalha de vento que mostre algo além do vazio que invade com sua matéria
pesada e densa.
Há dias que tenho medo do que sinto, não por sentir e sim
pela intensidade.
E os pensamentos então? São outro estagio de medo vejo o meu
mundo girando, girando e girando como uma dança dos tempos em um ritmo fora do
comum.
Dentro dos meus pensamentos, questionamentos e sentimentos. Entendo
e danço e danço até meu corpo cansar e cair sobre um colchão velho a cada final
de dia, mas não se desespere ou então se desespere. É só uma pausa, antes de o
dia amanhecer já estou em pé novamente para dançar esse ritmo que nem sempre é
o que prefiro dançar.
Dizem que as crises é que nos fazem crescer, agarrada nisso
eu suporto todas as minhas crises desde as de risos até as de tristeza onde
todas as dores do dia ficam guardadas esperando até eu está completamente
sozinha para passear sobre o meu rosto e sumir absorvida pelo travesseiro.
Que essa longa caminhada cheia de inquietações acabe por devolver
e dar o que meu por merecimento!