Dia desses em um programa matinal o tema era “Mentira” e
naquele espaço as pessoas pareciam todas muito solidárias aos mentirosos, e
claro não mentiam.
Tinha até uma atriz que defendia que cada um tem o direito
de mostrar o que bem entender, mas parecia até uma grande piada perguntar a uma
atriz o que ela acha de mentir. Sabe-se claramente que ela ganha a vida mentindo.
Mente que é a vilã, que é a boa moça, que se machucou que
pensa aquilo que fala que dá conta de todas as coisas do universo, mente, mente
e mente.
Os mais compreensíveis e de visão mais benevolente que a
minha vão dizer que não é mentira é intepretação, porém que seja afinal ele
está ali fingindo ser o que não é e isso me parece uma grande mentira.
Hoje eu quero contar de um desses mentirosos que cruzam
nossas vidas e contam mentiras daquele tamanho...
Vejam só, um dia comum de trabalho apareceu uma funcionaria
nova muito normal, muito comum.
Coube ao meu departamento ensinar o serviço que ela deveria
fazer pelo tempo que passasse em nosso convívio “muito normal, muito comum”. Apegamo-nos
a essa senhora, sim a funcionaria era uma senhora.
Com o passar do tempo todas as pessoas dos demais
departamentos foram conhecendo-a e também pegando apego, muito simpática e
sorridente foi fácil de adaptar e gostar da companhia dela.
Onde trabalho, o serviço é muito repetitivo e exaustivo, e
como todos nós a senhora que era uma funcionaria assim como eu começou a
reclamar. Muito normal, muito comum.
Logo ela começou a “mexer os pauzinhos” e fazer entrevistas para
trabalhar em outro lugar. Muito rapidamente ela conseguiu outro emprego, e
muito triste esperou o pessoal que ela mais se apegou no horário da saída para
um ultimo adeus.
Adeus esse que teve direito e choros e abraço, mas também
teve alegria afinal sabíamos que ela tinha alcançado o que desejava, mudar de
emprego.
Após a saída da senhora, tivemos que voltar a fazer o
serviço dela que é supervisionado por outro departamento que o filho do dono da
empresa que cuida. Sendo assim um documento avaliativo do nosso desempenho
chegou as nossas mãos, eu sempre muito observadora fiquei espantada com o que o
documento mostrava.
Ali, naquele pedaço de papel foi revelada a maior mentira da
qual já fui vitima. A senhora, simpática, sorridente e agradável ao nosso convívio
não havia conseguido um novo emprego, não havia trocado do emprego, ela havia
mudado de horário e de departamento, porém continuava na empresa na qual como
todos nós ela também reclamava.
Sim, no final da avaliação no papel continha a assinatura da
funcionaria, simpática e sorridente. Que aos prantos disse que sentiria muitas
saudades de todos nós. O que obviamente também era mentira.